Como me tornei escritor? 

           Eu tinha 12 anos de idade, estava em casa tranquilo assistindo desenho animado quando chega minha mãe com uma embalagem 14 x 21, um papel bonito, e me, pois nas mãos aquilo que viraria dali em diante uma sina, peguei o embrulho com empolgação pensando ser uma barra de chocolate, quando desembrulhei aquela embalagem me deparei com dois livros do Machado de Assis, um era a história de um defunto autor, o cara resolveu contar suas memórias e começou contando por sua morte, agora imaginem um garoto de 12 anos de idade abrindo o livro e lendo a seguinte dedicatória, "AO VERME QUE PRIMEIRO ROEU AS FRIAS CARNES DO MEU CADÁVER DEDICO COMO SAUDOSA LEMBRANÇA ESTAS MEMÓRIAS PÓSTUMAS" minha nossa senhora! O que é isso meu Deus? Cadê os contos de fadas? O final feliz? O foram felizes para sempre? Então o cara já tinha morrido, já não estava entre nós, caramba, jeito maravilhoso de começar um livro meu senhor, muito bem, deparei com o outro livro, um romance cujo titulo tinha nome Dom Casmurro, o cara conheceu a sua grande amada ainda quando criança, um grande amor que começa na infância e se estende pela a fase adulta, certo dia o cara ciumento pra caramba começa a suspeita que o filho que teve com sua amada, na realidade poderia ser filho de seu melhor amigo, obsessivo na ideia, perde sua amada, e perde seu filho, o autor achando pouco tal desgraça, ainda não revela se por certo realmente por parte de Capitu, nome dado à personagem havia de fato traído o marido, Bentinho, mais tarde Dom Casmurro. 

          Nunca mais fui o mesmo, a verdade, dali em diante comecei a enxergar o mundo com outros olhos, as pessoas de outra forma, a minha vida de outra maneira, o que de fato existia naqueles dois livros naquele instante em não conseguir perceber, somente mais tarde depois de inúmeras releituras daqueles mesmos livros, conseguir perceber que os sentimentos podiam ser descritos em letras e linhas diante de folhas em branco, que meus medos, sonhos e fantasias, agora eram dados confidentes a inúmeras folhas que tinham como destino a gaveta de minha velha estante, que com o tempo, foi acumulando sentimentos e mais sentimentos, vez ou outra eu abria aquela gaveta e a sensação inúmeras vezes era de gritos e sussurros daquilo que ali se mantinha guardado, eram medos antigos, sonhos passados, amores vividos e não vividos, expostos as minhas fantasias, tal dia, esses gritos e sussurros me revelaram a forma de algo divino, que fosse uma intenção vaidosa a de revelar tais sentimentos, mas que pudesse despertar os mesmos tantos outros jovens de 12 anos, a paixão pela a leitura e assim pela escrita, como me tornei escritor? Lendo...  

Adrielliton Braga